terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Pico de São Sebastião



Escolhemos subir o Pico de São Sebastião como presente de Natal: 25/12/2014.

Já havíamos decidido ir e voltar no mesmo dia, então acordamos 5 h da manhã, nos arrumamos, pegamos a mochila que já estava pronta desde a noite anterior, abastecemos com água gelada e partimos de carro, em direção à trilha.

A rua que dá acesso à Trilha da Cachoeira Pancada d´Água ou Três Tombos, como preferirem, fica à esquerda de quem vem do sentido da balsa, depois da Praia do Portinho.


Após a entrada acima, há uma guarita, como se fosse a entrada para um condomínio fechado, mas não tivemos problema para o acesso, mesmo sendo 5:50 h da manhã.

Na 1ª bifurcação após a guarita mantenha-se à direita, depois vire à direita novamente e chegará na entrada da trilha.



Começamos a caminhada às 6:10 da manhã. Ignoramos a cachoeira, pois nosso objetivo era bem mais alto!


A trilha continua à esquerda do 3º tombo
Mas não se engane, tudo pode acontecer. Não tínhamos andado 5 minutos e uma enorme Guapuruvu (Em Tupi-Guarani: "canoa que sai da terra" - Esta árvore é usada para fazer canoas) estava caída, devido às fortes chuvas de vento e não sabíamos onde era a continuação da trilha. Depois de procurar, achamos a trilha, a continuação era à esquerda, na direção onde o tronco havia se quebrado e "taca-le pau" caminho acima.

Passamos por uma imensa raiz, onde surgiu uma certa dúvida, meu marido bateu terreno de novo, mas o caminho correto era atravessar a raiz e continuar em frente, até chegar ao topo do 3º tombo.

Passar por cima da raiz e seguir a trilha
A trilha segue para a esquerda da árvore marcada com tinta vermelha e depois, mantendo-se à esquerda mesmo, deverá cruzar 2 pedras da cachoeira e seguir a trilha na mata.


Seguir para a esquerda
Seguir pela esquerda
Quando encontrar mais uma árvore demarcada com tinta vermelha, fique atendo à sua esquerda, a trilha continua ali, bem íngreme, após terminar o barranco seguir à direita.

Trilha à esquerda, aprox. 10 metros antes de chegar nesta árvore
No decorrer da trilha nos deparamos com mais umas 2 ou 3 árvores caídas. Umas mais recentes, outras mais antigas e como não sabíamos o caminho, tínhamos que fazer o reconhecimento do terreno para encontrar a continuação. A dica é seguir as marcações feitas com facão nas árvores, um corte, 2 cortes e até 3 cortes. Pelo menos todos que seguimos, levavam ao pico.

As áreas mais difíceis são as clareiras e bambuzais, pois perde-se o rastro da trilha e desperdiçávamos certo tempo procurando. 

Já havíamos andado quase 4 h e acreditávamos estar na direção errada, pois não achávamos a pedra que pode ser usada para bivaque. Combinamos andar por 5 h ao todo e se não achássemos a área de bivaque, iríamos retornar. Logo após falarmos isto, eis que surge a nossa frente a pedra de bivaque! Ficamos muiiiito felizes. Andamos exatamente 4 h até chegar no local.

Aproximadamente 5 m antes de chegar nesta pedra usada para bivaque, a trilha faz um "V" á sua direita, siga nesta direção.Olhe à sua esquerda, haverá 2 imensas pedras, que parece até  formar uma pequena gruta no meio. Passe em frente delas e siga à esquerda, onde acaba essa imensa pedra e há uma outra bem menor. A trilha continua entre essas pedras (a imensa e a bem menor). Chegará numa área de bambuzal, onde perdemos mais tempo procurando a continuação da trilha e achamos uma Jararacuçu.



É até um pouco difícil de explicar, cruzamos o bambuzal, mas nesse não precisou rastejar, pois estava bem aberto. A trilha seguia para a esquerda e dava para ver bem o rastro. Lembre de olhar as marcações nas árvores. Chegamos atrás da pedra do bivaque e o rastro da trilha sumiu, pois dava em cima de algumas pedras. 



Num primeiro momento pensamos estar errados e tentamos outras bifurcações, perdemos quase 2 h procurando e no fim, voltamos lá e bastava cruzar as 2 pedras para encontrar o rastro da trilha e avistarmos a 1ª fita zebrada (amarela e preta) amarrada na árvore. Daí em diante, era só seguir as fitas e continuar SUBINDO. Logo encontramos a enorme pedra, que acredito que seja a do pico e subimos pela direita, como indicavam as fitas. A terra estava bem fofa e parecia solta, acho que devido às chuvas constantes de 3 dias anteriores. A subida já tinha virado praticamente uma escalaminhada e usávamos os bambus que nascem por ali como cordas (tínhamos que passar por baixo deles também), até que chegou num ponto que não havia mais como subir com segurança... Olhei para cima e faltava menos da metade da pedra que provavelmente era o cume, mas a segurança vem em primeiro lugar. Não tínhamos levado corda para auxiliar, então decidimos descer, pois também já eram 2 h da tarde e não podíamos demorar muito devido à claridade. Bateu uma certa frustração, mas não posso pensar assim. Devo pensar que saí ilesa e que voltarei lá de novo!

Levamos 4 h para descer e num primeiro momento meu irmão e eu estávamos receosos de perder a trilha, mas insisto, prestem atenção nas marcações dos troncos das árvores. Não tivemos problema algum com a descida.

Esta trilha é a mais difícil que já fiz! Na volta, vocês vão implorar para aparecer uma subida. Pernas bambas, unhas dos dedões do pé doendo (pois minha bota não era das melhores). Estava descendo de lado, porque não dava mais. Não chegava nunca, meu corpo estava andando por andar, já não conseguia mais raciocinar. Não víamos a hora de ver o Guapuruvu caído no meio da trilha, até que avistamos a imensa árvore que abriu um rasgo na mata. Chegamos no 3º tombo, daqui para frente a trilha parece uma passarela de tão batida e conservada.

Avistamos o carro e ao chegar, arrancamos os tênis, bebemos muiiiita água e comemos algumas barrinhas e lanches que haviam sobrado.


EQUIPAMENTOS IDEAIS PARA ESSA TRILHA

Vestimenta
  • Calça (cobrindo toda a perna, nada de legging)
  • Camiseta de manga comprida ou gandola (espinhos e bambu-lixa)
  • Meias compridas, que cobram toda a canela
  • Roupas íntimas confortáveis
  • Bota para trilha (cano alto)
  • Boné ou chapéu
  • Luvas (cipós com espinhos, entre os gomos dos bambus há um espinho, que parecem pelinhos)
Dentro da mochila de ataque (se não for acampar)
  • Repelente
  • Protetor Solar (o sol chega ao chão no início da trilha e no pico)
  • Câmera e/ou filmadora
  • Cantil, Garrafa ou Squeeze (mínimo 2 L de água por pessoa)
  • Facão
  • Bússola ou GPS
  • Alimentos: barrinha de cereal, fruta in natura (indico maçã), frutas secas, castanhas ou chocolate (energia), lanche frio, suco de caixinha. Claro que não é necessário levar tudo isso, escolha de acordo com sua preferência.
Dicas
  • Endomondo: usamos este aplicativo de celular para medir a distância, tempo e o traçado do caminho 
  • Mesmo podendo não ser necessário, mas por precaução é bom levar um kit de primeiros-socorros,  lanterna, corda e faca. Nunca se sabe o que pode acontecer...
  • Caras que também subiram o Pico de São Sebastião e que deram várias dicas: Augusto e Equipe Coco no Mato
PS: Inclusive usei a foto da 2ª marcação da árvore do blog do Augusto, pois a minha ficou bem tremida.

ATENÇÃO!

  • TRILHA DE NÍVEL DIFÍCIL, NÃO RECOMENDADA PARA INICIANTES
  • Não ingira bebidas alcoólicas, nem use substâncias que alterem o estado físico e psicológico.
  • Cuidado ao andar sobre as pedras na cachoeira, pois são escorregadias (não tenha pressa)
  • ÁGUA: só em 2 pontos na trilha, no início e próximo ao pico (ver nos blogs citados acima)
  • Leve seu lixo e se possível, recolha o que encontrar pelo caminho também. A natureza agradece!
  • Nesta trilha vimos muitas aves, entre elas papagaios e maritacas, um filhote de saruê, 3 serpentes, 2 delas não identificamos e saíram da trilha quando sentiram nossa presença e a Jararacuçu, que ficou de boa, deitadinha tomando sol. Só não mexer com ela!